O povo tem muito a dizer, mas pouca voz. O vídeo pode ser uma grande ferramenta para dar voz ao povo, suas mobilizações e suas reivindicações. Foi com esse conceito que editei o vídeo da I Assem- bléia Popular de Juiz de Fora.
Esse evento foi organizado pelo Comitê Central Popular, uma entidade que tem a proposta de construir um projeto popular para o Brasil através da conscientização política do povo. Antes que o leitor pense que esse papo é muito piegas e que já ouviu falar disso em tudo quanto é movimento, é necessário afirmar que a forma como esse trabalho é feito é muito interessante: educação política dentro das comunidades. Vários movimentos sociais, tais como pastorais, sin- dicatos e ocupações, fazem parte do CCP.
Na I Assembléia Popular de Juiz de Fora a pauta foi a luta pela moradia. Moradores de várias áreas de ocupação da cidade se reuniram para discutir os problemas das comunidades e as ações concretas para resolvê-los, independente da política imposta pelo poder público. Movimentos parceiros do CCP também se mani- festaram. Entre eles o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Desempregados, o MST e o Cáritas.
O evento foi filmado pelos estudantes de Geografia da UFJF, Gabriel Lima e Régis Francisco. Eles filmaram todas as falas em plenária, as dinâmicas, fizeram entrevistas e imagens aleatórias. Achei surpreen- dente, pois também havia estudantes de outras áreas ajudando, mas nenhum de Comunicação Social ou Cinema.
O único equipamento que os dois possuíam era uma câmera amadora. Não me informaram o modelo, mas que a câmera grava direto em DVD. Além da compactação, é o tipo de mídia que dá mais falhas de armazenamento. Eu não recomendo que use esse tipo de câmera para eventos. Você corre o risco de achar que está gravando e no final das contas ver que não gravou nada. Os dois deram sorte.
Outra questão foi a quantidade de material: três horas de gravação. Isso é típico de filmagens amadoras, ou quando se pega uma câmera e vai filmar sem saber o que vai fazer com as imagens depois. Não há uma pré-seleção na captação e você perde muito tempo selecionando na edição. Nesse caso não tem jeito. É assistir tudo, decupar (ou minutar, como preferir) e montar um roteiro.
Sem possuir qualquer conhecimento técnico (ninguém é obrigado a nascer sabendo filmar) Régis e Gabriel fizeram imagens relativamente boas. Mesmo assim, muitas não tiveram condições de serem usadas, várias delas com problemas de contraluz. A situação do áudio estava muito precária, pois foi utilizado somente o áudio da câmera, inclusive nas entrevistas.
Diante de todas essas dificuldades você pode estar pensando que o vídeo tenha ficado ruim, que foi um esforço em vão e etc. Não é bem assim que a coisa funciona. É possível lidar com essas dificuldades e manter o caráter informativo de um vídeo-release. Não vai ficar uma produção hollywoodiana, mas ainda assim informativo, com a intenção de repassar as discussões da I Assembléia Popular de Moradia e divulgar o movimento. O resultado final atendeu esses princípios. Além do mais, o caráter documental do improviso também realça a causa. Pensando assim, dá para transformar uma desvantagem em van- tagem.
Aqui vão algumas dicas para lidar com esse tipo de material:
Roteiro:
- Se possível monte o roteiro antes da gravação, se não, veja as próximas dicas.
- Assista e decupe todas as imagens,
- consiga informações dos objetivos com a organização do evento,
- faça um off bem claro, pausado, objetivo e explicativo.
- Com o off e os depoimentos em mãos, faça o esqueleto da edição (pode ser direto na timeline).
Vídeo:
- Na hora da edição use o princípio básico: texto "colado" com a imagem.
- Os cortes tem que ter ritmo, e o off pausas para "respirar".
- Use e abuse de efeitos de correção de cor e tudo que melhorar o aspecto do vídeo.
- Crie uma identidade visual para o vídeo: abertura, animação dos créditos, gráficos explicativos... use o conceito da logomarca de quem você está fazendo o vídeo, ou o que tiverem de material gráfico e fotográfico.
Áudio:
- Use legendas se o som estiver ruim. Se o espectador não entender de primeira o que está sendo dito, ele não vai poder "voltar a fita" para tentar entender novamente. A legenda resolve esse problema.
- Deixe um BG bem baixinho de todas as imagens que você usar, isso tem um impacto psicológico maior, dá mais credibilidade, parece mais real, trás o espectador um pouco mais para dentro da cena.
Assista o Vídeo da I Assembléia Popular de Juiz de Fora e veja como funcionou:
Como você deve ter assistido acima, mesmo com as limitações, foi possível fazer um vídeo informativo do movimento. Edição não faz milagre, mas consegue tirar leite de pedra.
Espero que tenha ajudado, usem e abusem dessas dicas... dê voz a quem também tem esse direito.
Fiquem a vontade para comentar e para entrar em contato se a dificuldade persistir.
Até o próximo post...
ABS;;;
Esse evento foi organizado pelo Comitê Central Popular, uma entidade que tem a proposta de construir um projeto popular para o Brasil através da conscientização política do povo. Antes que o leitor pense que esse papo é muito piegas e que já ouviu falar disso em tudo quanto é movimento, é necessário afirmar que a forma como esse trabalho é feito é muito interessante: educação política dentro das comunidades. Vários movimentos sociais, tais como pastorais, sin- dicatos e ocupações, fazem parte do CCP.
Na I Assembléia Popular de Juiz de Fora a pauta foi a luta pela moradia. Moradores de várias áreas de ocupação da cidade se reuniram para discutir os problemas das comunidades e as ações concretas para resolvê-los, independente da política imposta pelo poder público. Movimentos parceiros do CCP também se mani- festaram. Entre eles o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Desempregados, o MST e o Cáritas.
O evento foi filmado pelos estudantes de Geografia da UFJF, Gabriel Lima e Régis Francisco. Eles filmaram todas as falas em plenária, as dinâmicas, fizeram entrevistas e imagens aleatórias. Achei surpreen- dente, pois também havia estudantes de outras áreas ajudando, mas nenhum de Comunicação Social ou Cinema.
O único equipamento que os dois possuíam era uma câmera amadora. Não me informaram o modelo, mas que a câmera grava direto em DVD. Além da compactação, é o tipo de mídia que dá mais falhas de armazenamento. Eu não recomendo que use esse tipo de câmera para eventos. Você corre o risco de achar que está gravando e no final das contas ver que não gravou nada. Os dois deram sorte.
Outra questão foi a quantidade de material: três horas de gravação. Isso é típico de filmagens amadoras, ou quando se pega uma câmera e vai filmar sem saber o que vai fazer com as imagens depois. Não há uma pré-seleção na captação e você perde muito tempo selecionando na edição. Nesse caso não tem jeito. É assistir tudo, decupar (ou minutar, como preferir) e montar um roteiro.
Sem possuir qualquer conhecimento técnico (ninguém é obrigado a nascer sabendo filmar) Régis e Gabriel fizeram imagens relativamente boas. Mesmo assim, muitas não tiveram condições de serem usadas, várias delas com problemas de contraluz. A situação do áudio estava muito precária, pois foi utilizado somente o áudio da câmera, inclusive nas entrevistas.
Diante de todas essas dificuldades você pode estar pensando que o vídeo tenha ficado ruim, que foi um esforço em vão e etc. Não é bem assim que a coisa funciona. É possível lidar com essas dificuldades e manter o caráter informativo de um vídeo-release. Não vai ficar uma produção hollywoodiana, mas ainda assim informativo, com a intenção de repassar as discussões da I Assembléia Popular de Moradia e divulgar o movimento. O resultado final atendeu esses princípios. Além do mais, o caráter documental do improviso também realça a causa. Pensando assim, dá para transformar uma desvantagem em van- tagem.
Aqui vão algumas dicas para lidar com esse tipo de material:
Roteiro:
- Se possível monte o roteiro antes da gravação, se não, veja as próximas dicas.
- Assista e decupe todas as imagens,
- consiga informações dos objetivos com a organização do evento,
- faça um off bem claro, pausado, objetivo e explicativo.
- Com o off e os depoimentos em mãos, faça o esqueleto da edição (pode ser direto na timeline).
Vídeo:
- Na hora da edição use o princípio básico: texto "colado" com a imagem.
- Os cortes tem que ter ritmo, e o off pausas para "respirar".
- Use e abuse de efeitos de correção de cor e tudo que melhorar o aspecto do vídeo.
- Crie uma identidade visual para o vídeo: abertura, animação dos créditos, gráficos explicativos... use o conceito da logomarca de quem você está fazendo o vídeo, ou o que tiverem de material gráfico e fotográfico.
Áudio:
- Use legendas se o som estiver ruim. Se o espectador não entender de primeira o que está sendo dito, ele não vai poder "voltar a fita" para tentar entender novamente. A legenda resolve esse problema.
- Deixe um BG bem baixinho de todas as imagens que você usar, isso tem um impacto psicológico maior, dá mais credibilidade, parece mais real, trás o espectador um pouco mais para dentro da cena.
Assista o Vídeo da I Assembléia Popular de Juiz de Fora e veja como funcionou:
Espero que tenha ajudado, usem e abusem dessas dicas... dê voz a quem também tem esse direito.
Fiquem a vontade para comentar e para entrar em contato se a dificuldade persistir.
Até o próximo post...
ABS;;;
Boas dicas e bela edição. Adorei a abertura, deu outra cara ao vídeo.
ResponderExcluirBjo
Boa tarde amigo, lí um artigo seu sobre tirar mofo de fita vhs, preciso comprar o aparelho mais não consigo nem pelo googo nem ML (mercado livre). sabe como posso conseguir? meu e-mail é cajemonsantos@oi.com.br Obrigado.
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